quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Giorni 04 e 05 - A greve de ônibus e metrô e o dia em que não fui à aula

A quarta-feira foi atípica. Bom, pelo menos para mim e em comparação com os outros dias por aqui. Isso porque houve greve de metrô e ônibus na cidade e - eu sei que pode parecer chocante - a população continuou com sua vida normal.

Pode parecer piada, mas as únicas reclamações que ouvi em relação à manifestação vieram de brasileiros que, como já sabemos, não entendem o sentido de uma greve.

A grande notícia é que as empresas compreendem a ausência do trabalhador, tampouco a escola não cria caso com os alunos e, ainda assim, a maioria cumpre com seus deveres, também sem #mimimi. Ponto para Roma, que é um caos, mas sabe se organizar.

Por conta da greve, só haviam quatro alunos na minha sala hoje, o que me forçou a conversar mais em italiano. Na verdade, para mim, foi ótimo!

 Almocei na escola hoje. Não só para provar a comida, que todos diziam ser uma delícia - e é mesmo! -, mas também porque queria focar neste blog e em algumas atividades online. E a escola é um ambiente delicioso para isso. Sentei com meu notebook no jardim e, ao som de um bom jazz, fui bastante produtiva, especialmente quando me acompanhei de um belo café com um pedaço de torta de banana com chocolate.

Hoje aprendi a diferença entre caffè latte x latte machiato: ambos são café com leite, mas o primeiro tem mais café e menos leite; enquanto o segundo é o oposto, com mais leite e menos café. Parece óbvio, mas eu não sabia, rs!

A atividade do dia na própria escola foi uma aula sobre vinhos italianos. Mas, para mim, foi mais que isso: foi uma grande aula de história e geografia! O professor Claudio, que não parecia ter pressa alguma em finalizar a aula, explicou toda diferença entre a vegetação das regiões da Itália. Por fim, deu breves instruções de como se degustar um bom vinho. E foi o que fizemos.

Nesse sentido, de tudo o que ele falou, o que mais me chamou atenção foi o fato de que ele foi enfático ao afirmar que os italianos não bebem vinho sem comer nada. Para eles, o vinho não só faz parte da refeição, como é um complemento da mesma. Segundo ele, ninguém aqui vai a um bar ou uma balada à noite e pede um vinho. Isso porque eles sabem dos problemas de saúde que beber vinho sem comer nada pode causar no longo prazo. Dessa maneira, torna-se um hábito cultural.

Quando voltei para o apartamento, apreciei a deliciosa chuva de verão que caía lá fora e pensei em como essa abençoada chuva podia molhar São Paulo...

Tomei um bom banho e resolvi cuidar das unhas: um grande desafio para mim, que estou acostumada a vida inteira com manicures semanais. Mas sobrevivi. Tirei o esmalte descascado, lixei, tirei o excesso de cutículas e passei uma base fortalecedora. O mesmo com as unhas do pé, que já têm bolhas por caminhar de sapatilha. Tô de parabéns, #sqn!


Comi um lanche de queijo e salame aqui em casa mesmo e me dediquei às atividades da vida de blogueira. Fui dormir por volta da meia-noite. E foi aí que a balada da noite mais mal dormida da minha vida começou.

De repente, despertei. Ao buscar o celular para conferir o horário, percebi que ele estava desligado, o que achei bem estranho. Liguei novamente, conectei ao carregador (embora a bateria parecesse bem normal) e vi que eram apenas 2h.

Voltei a dormir e tive um sonho pesado, que quem não me conhece pessoalmente e, principalmente, não conhece minha família pode ficar um pouco confuso. Mas vou narrá-lo mesmo assim, rs!

No sonho, minha tia Shirley contava que o Raphael, meu primo e seu filho mais novo, estava doente. Estávamos todos sentados na cozinha da casa da minha vó Zizi, mãe do meu pai, que já faleceu há alguns anos. Todos parecemos bem preocupados com o Rapha. De repente, a conversa era a mesma, mas o cenário, era o sítio. Reunidos à porta de entrada da casa principal, vi claramente a minha tia Márcia, irmã mais nova da minha mãe, que faleceu de maneira inesperada poucos dias antes de eu vir para cá.

O curioso é que, mesmo em sonho, eu sabia que ela era um espírito. Entrei em pânico e comecei a gritar pelo meu pai, que não me ouvia. A Tia Márcia tinha uma expressão tranquila, mas séria. E me chamava para seguí-la. Eu falei isso em voz alta no sonho e, como meu pai não vinha, minha tia Silvia, irmã mais nova do meu pai, pegou na minha mãe e me acompanhou para seguir a tia Márcia. Caminhamos em direção ao estacionamento dos carros e, então, eu despertei.

Foi aí que me dei conta que estava aos prantos. Acordei chorando! As lágrimas escorriam involuntariamente dos meus olhos. Fiquei muito assustada e usei o fuso ao meu favor, conversando com o meu tio Alexandre (ele é casado com minha tia Eliane, irmã do meu pai), que é espírita, pelo Facebook. Isso me acalmou bastante, mas eu ainda estava bem impressionada.

Falei também com minha mãe e com a Marcela, minha prima, irmã do Rapha, que me garantiu que estavam todos bem.

Não consegui mais dormir. Não sei se tive medo de sonhar de novo, não sei se tive medo de fechar os olhos... Sei que me deixei chorar por horas e mais horas.

No fim, acho que o meu ano tem mesmo sido pesado. E eu tenho esquecido de deixar as emoções fluírem. Ou as tenho inibido propositalmente porque sempre acho que preciso ser mais forte do que deveria ser. De alguma maneira, esse sonho confuso me pegou de jeito e libertou todos os sentimentos que estavam presos em algum lugar que nem sabia que existia.

Chorei compulsivamente por um bom tempo. Então, quando naturalmente consegui me acalmar, lavei o rosto, rezei bastante e sabia que não conseguiria dormir. Liguei o notebook em alguns episódios de 'How I Met Your Mother' e só peguei no sono na hora de ir para a escola.

Acabei dormindo com uma dor de cabeça que não tinha há tempos. Acordei por volta das 10h30 e fiquei tentando processar tudo isso que havia acontecido comigo, já sofrendo que não iria conseguir dormir novamente e o que seria de mim e blablabla.

Então, levantei, fiz uma série de respirações tranquilas, me alonguei e comecei o dia. Caprichei no make para esconder as olheiras e encontrei a Maria na volta para casa.

Eu, ela e a Ita (uma outra brasileira, de Santa Catarina) decidimos passar o fds em 5 Terre e fomos atrás de passagens e hotel. Paguei mais caro do que gostaria, mas me dei esse luxo. Afinal, será meu aniversário!

Depois, encontramos a Viviane, outra conhecida de Maria, que estuda italiano em outra escola e está por aqui sozinha. Nos demos bem, ela tem uma energia super boa!

Almoçamos pasta e tomamos um bom vinho branco! Depois, íamos passear e a chuva nos pegou de surpresa (nota mental: comprar um guarda-chuva!), então, acabamos apenas tomando um 'gelato', o meu primeiro da viagem, aliás!


Como Ita e Viviane não conheciam a Santa Maria Maggiore e estávamos do lado, acabamos por lá de novo, onde aproveitei para assistir a missa, já que eram 18h.

Foi uma cerimônia curta e objetiva, mas importante para mim, que rezei muito em busca da paz que, depois da última noite, percebi que estou longe de ter.

Mas ninguém disse que o caminho seria fácil, não é mesmo?!? E nesta noite, percebi que o que é difícil de verdade, é estar sozinha e me encontrar comigo mesma.

Pode parecer bobagem, mas posso garantir: é um dos maiores desafios da minha vida. Mas ainda não estou disposta a desistir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário