quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Giorni 32 e 33 - Galeria Borghese, Hard Rock Café e a última aula de cozinha italiana

Eu perdi a primeira aula da quarta-feira, 29/10, porque minha garganta não ajudou: acordei péssima e acho que até febril. Assim que tomei um remédio e voltei para cama, mas cheguei a tempo de fazer a segunda parte da aula, que foi bem divertida, com os exercícios de diálogos que eu adoro.

Cada dia que passa percebo que são poucos os alunos que realmente entendem as piadas inteligentes e sarcásticas do nosso professor. Eu, particularmente, adoro. Mas acho que as pessoas não veem muita graça, hehe.

Assim que a aula acabou, voltei para casa, tomei um banho e me arrumei para encontrar a Viviane na Vila Borghese, porque nosso ingresso era para às 15h. Comi um panini na estação e peguei um ônibus, porque a estação de metrô mais perto de lá ainda é longe e realmente não estava no clima de caminhar. O problema é que o ônibus estava insuportavelmente quente. Acho que eles ligam aquecedor nos ônibus aqui, o que me parece uma idiotice, pois o calor humano já é mais do que suficiente. Além do mais, essa mudança brusca de temperatura não faz bem a ninguém.

Eu tinha perguntado para a motorista do ônibus (sim, uma mulher, não escrevi errado) onde deveria descer, mas eu não esperei a minha parada: o ônibus ficou tão, mas tão, mas tão cheio, que comecei a me sentir mal de verdade naquele calor, além se sentir o suor escorrer pelas costas. Delicinha #sqn!

Pulei do ônibus e liguei o Google Maps, que nunca foi tão usado para trajetos a pé, e percebi que eu estava a apenas 10 minutos do meu destino, assim que caminhei tranquilamente e cheguei pontualmente à Galeria Borghese, mas tive que esperar a Vivi, que chegou uns 15 minutos depois.

Entramos e começamos nosso passeio por um dos mais bonitos museus que já visitei, não só pelas belíssimas obras de arte de Bernini, Caravaggio, Tiziano e tantos outros; mas porque o edifício em si é um show à parte, com pinturas no teto e obras de mosaico no chão. Um espetáculo! Gostei muito, especialmente do David de Bernini, que tem muito mais vida e movimento que o de Michelangelo.



Uma coisa curiosa é que deixei a câmera fotográfica em casa. Quando comecei a viajar, tirava fotos de cada pedacinho de obra e arte que encontrava pelo caminho, mas depois nunca mais nem lembrava ou nem sabia o que significavam. Hoje sei que esse tipo de foto é um desperdício e que nada substitui a experiência de olhar essas obras de arte com os próprios olhos, e não através das lentes.

Nada contra quem o faz. Viviane, por exemplo, queria registrar tudo nos mínimos detalhes. Eu deixei. Respeitei. Como ela mesma me disse, quem sabe um dia ela vai ter viajado o suficiente para pensar como eu e ser tão desapegada nesse sentido como sou hoje.

A Galeria Borghese é um passeio que vale a pena. MAS - sim, a vida é dura e quase sempre tem um 'mas' - achei um tanto quanto inconveniente o fato de que tivemos que comprar o ingresso com uma semana de antecedência, mas só tivemos DUAS horas para realizar a visita completa.

Às 17h começou um alerta nos informando de que deveríamos sair do prédio porque o nosso período de visita havia se esgotado. Ignoramos umas duas vezes, até que a segurança pediu que nos retirássemos. Achei que estava fechando, mas só quando saímos é que entendi que a visita tem um tempo de duração.

Não tinha entendido isso quando comprei o ingresso uma semana antes e ninguém nos alertou quando entramos. Achei um erro e também um desrespeito. Em duas horas é possível fazer uma visita simples. Mas se quiser assistir duas ou mais vezes o carrossel que gira; ou se quiser ficar parado e apreciar qualquer obra por mais de cinco minutos... bom, duas horas não são o suficiente para visitar um museu de arte, isso é fato!

Quando saímos de lá já estava começando a escurecer e eu sugeri à Vivi que fôssemos até o Hard Rock Café, comer CARNE! e fazer algo mais americanos do que italiano, só para variar, rs.

Quando jogamos no Maps para vermos qual era a distância, descobrimos que estávamos ridiculamente perto da Via Veneto, rua onde se localiza o Hard Rock daqui. E foi um passeio delicioso, porque eu não tinha estado na Via Veneto antes, e é uma rua bem chique, cheia de hotéis, restaurantes e café luxuosos.



No Hard Rock a espera para jantar era de 45 minutos, mas não tínhamos pressa: tomamos uma cerveja no bar e conversamos bastante. Foi traquilo e nem vimos o tempo passar. Quando sentamos à mesa, já sabíamos o que queríamos: eu fui de tradicional hambúrguer com batata frita, enquanto a Vivi não resistiu à costela! Comemos MUITO! Foi um programa caro (por volta de 30 euros por pessoa), mas não fazemos isso sempre e valeu bem a pena!

Principalmente porque na lojinha do Hard Rock já risquei dois presentes da minha lista que não existia, mas depois de comprar estes, fiz uma lista de todos os presentes que devo comprar.




Na hora de voltar para casa, procuramos pelo metrô mais perto e descobrimos que a linha A, que serve tanto à Vivi quanto a mim, estava a apenas dois quarteirões de nós. Como bem observou a Vivi, tudo tem dado MUITO certo para nós por aqui. Até a localização da estação de metrô é exata no momento em que precisamos!

Ela tem razão. Nós não temos feitos grandes planos: decidimos as coisas conforme temos vontade, fazemos aquilo que nos agrada, mudamos de ideia quando nos convém... E, de alguma maneira, esse jeito 'light' de levar a vida acaba favorecendo para que as coisas se encaixem sem grandes esforços. É como se a vida estivesse retribuindo a nós o carinho que estamos tendo por ela.

Em rempo: Obrigada, vida! :)

Cheguei em casa, fiz lição de casa e dormi cansadíssima!


Não foi tão difícil de levantar na quinta-feira, 30/10. Fui para escola 'on time', mas o professor chegou atrasado porque o metrô da linha B estava fechado sem explicações (bem-vindo a Roma!) e isso o deixou levemente de mau humor, mas logo tudo se ajeitou.

O exercício com os verbos conjuntivos não foi tão difícil hoje, o que me faz pensar que finalmente estou entendendo melhor essas conjugações loucas daqui! rs!

Na hora do intervalo, conversamos bastante e nos divertimos muitos uns com os outros.

Naquele momento percebi que formamos uma boa turma de jovens adultos estrangeiros que se respeitam e se gostam, muito embora pouco se conheçam.

Ao fim da aula, perguntei ao Jesper se ele estava pronto para ir embora. Ele disse que sim e que não. Que sim porque sente falta da família, dos amigos e da comida da mãe, rs. E não, porque não está preparado para retomar à vida real.

Pensei então que eu também não estou preparada para retornar à vida real. Porém, como disse a uma amiga, não sei o que quero fazer quando retornar à casa, mas este um mês longe já me fez ter certeza do que eu NÃO quero fazer. Acho que já é um começo, né?

Almocei na escola com Sara e outras pessoas da nossa sala e seguimos para a aula da tarde. 

Ao começarmos a corrigir o texto escrito por Katherina, a professora pediu sugestões de melhorias, mesmo que não fossem erros propriamente ditos. E eu sugeri que ela invertesse a ordem do texto, começando do fim para o início, para melhorar o fluxo da leitura. E, também, fiz diversas outras sugestões pontuais do ponto de vista de edição mesmo.

Luiza, a professora, me elogiou. E eu disse:

- Não tenho domínio da gramática e ortografia italianas, mas de escrever e editar eu entendo. Sou boa no que eu faço. Rs!

Ela ficou contente. Disse que pela primeira vez me viu demonstrar confiança em algo que estou fazendo aqui e que isso é muito importante para a melhoria do meu desempenho no aprendizado da língua.

Ahh a insegurança. Essa característica que me mata!

Mas fiquei contente com o elogio e, no intervalo, Katherina veio pedir outros conselhos sobre maneiras de escrever e achei muito legal. Ela respeitou minhas dicas e edição porque ela, assim como Sara, claramente não tem uma noção lógica da escrita.

Esta semana fui melhor com pronomes e verbos do que na semana passada. E gabaritei a interpretação de texto, o que me alivia um bocado! rs!

A aula acabou mais tarde e, por isso, cheguei com 15 minutos de atraso à casa de Don'Anna, que reparou no meu atraso.

Acho curioso como os italianos não relevam as coisas. Tipo, eu pedi desculpas pelo atraso. Ela disse que não tinha problema, mas lançou um: 'tudo bem, você chegou 16 minutos depois do horário marcado, mas tudo bem...". Jogam na cara mesmo, sabe? rs

Mas enfim. A aula de hoje foi cansativa, porque acho que eu estava cansada e ela também. Mas ela me fez cuidar dos frutos do mar, enquanto me ensinava como preparar o risotto. Aliás, este era o menu:

- Risotto al pescattore
- Peperonata alla siciliana (que eu nem curto muito pimentão, mas quis aprender para fazer para o meu pai, porque acho que ele vai adorar)
- Crostata de frutas vermelhas





Como hoje era o último dia de aula, Don'Anna preparou todas as receitas impressas para mim e mandou encadernar. Mas elas não viu como ficou e, quando eu fui ver, notei que a encadernação estava toda errada, com páginas invertidas. Coitada! Ela ficou arrasada! Me deu um aperto no coração!

Por mim, tudo bem! É só uma questão de virar o caderno, ou de mandar reencadernar aqui no Brasil. Mas quando ela descobriu que eu fico aqui até dezembro, estava decidida a mandar refazer e me entregar na escola na próxima semana. Vá be'!

Voltei para casa e quando cheguei, senti o calor forte do aquecedor. Encontrei o Giovanni e o Santiago na cozinha e falamos sobre minha dor de garganta. Ambos estão mobilizados com a causa e mandaram eu sempre usar moletom, mesmo em casa, para o organismo não sentir o choque térmico e me recomendaram fazer gargarejo com limão.

Giovanni me garantiu que todo bom romano tem dor de garganta o tempo todo e me senti em casa, hehehe! Mas prometi comprar limão e acho que um pouco de mel vai bem também.

Durmo cansada esta noite. Mas satisfeita com meus pequenos progressos diários!

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