quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Giorno 03 - Banho frio

A terça-feira foi logo me dando o segundo tapa na cara da viagem. E este, caros amigos, foi gelado! Era dia de lavar a cabeça e toda mulher sabe que este não é um processo dos mais rápidos. Bom, acho que toda mulher brasileira, porque aprendi bem rápido que, aqui na Europa, água é um bem valioso. Água quente, então, é luxo. Portanto, nada de demorar demais nos banhos europeus.

E embora pareça paradoxal, ao mesmo tempo que água não é artigo de desperdício (e nós moradores do Estado de São Paulo temos aprendido isso da pior maneira possível), uma das primeiras recomendações que me foram feitas pelos próprios italianos foi: não gaste seu dinheiro para beber água.

Em Roma, toda e qualquer água que sai das torneiras e das bicas nas ruas é potável e perfeitamente bebível. Ainda não me arrisquei, confesso. Mas para eles, é simples como parece. Por isso, se pedir água em algum restaurante, peça um copo de água simples - e não a garrafa fechada - que será cortesia.

Preciso começar a entrar no ritmo de uma alimentação de verdade e não o oba oba de férias. Então, o café da manhã foi um iogurte de morango. Mas ao chegar na escola, não resisti à tentação e experimentei um 'cornetto al cioccolato' e um café. A parte boa é que o croissant tinha tanta Nutella no recheio que não devo comer mais isso até o final da temporada, de tão enjoada que fiquei. rs!

A aula foi particularmente interessante. O professor nos deu aquele típico exercício de música, em que há espaços em branco a serem preenchidos com a letra da canção. Mas o que achei curioso é que demoramos mais de duas horas para terminar o exercício, pois, muitas vezes, entender qual a palavra que estava faltando não era o maior problema, principalmente para quem tem origem de língua latina como eu; mas estudamos a construção semântica de cada oração e isso foi bem bacana (postei a música para vocês logo aqui abaixo. É meio brega, uma cara meio antigona, mas pro estudo foi interessante, hehe). Entender não só o sentido literal de cada palavra individual, mas o contexto literário foi uma experiência bem interessante!



Já é o segundo dia que saio esgotada da aula. Forçar o falar italiano cansa, por mais que não pareça!

Almocei em casa. Maria, a roomie, cuidou do nosso almoço, já que comemos uma massa semi-pronta que tem por aqui. É uma massa pré-cozida: basta colocar por um minuto na água fervendo e depois misturar com o molho ou condimentos de sua preferência. Fácil, rápido e barato.

Uma coisa curiosa daqui são as porções. É mesmo uma reeducação alimentar, pois para se comer barato, há de se comer pouco; o que para eles, significa comer o suficiente. No jantar, por exemplo, pedi um fetuccini al funghi porccini, que estava de comer rezando de tão bom. Mas era uma porção bem pequena, a apenas nove euros. Confesso que roubei um pedaço da pizza margherita da Maria, porque não estava totalmente satisfeita. Ainda não me acostumei, mas espero entrar na linha.

E o entrar na linha não tem a ver com o engordar e o emagrecer, mas sim de viver a cidade com o real espírito! Para os italianos, saborear um prato de comida não tem relação com a quantidade que se come deste prato, mas sim com a intensidade com que se degusta. Aliás, eles são assim com a vida!

Como ainda não ocupei minhas tardes com nada e estou sentindo que preciso praticar mais o italiano, aceitei o convite da escola para um passeio gratuito a pé pelas igrejas jesuítas de Roma.

Fomos a duas: Gesù e Santo Ignacio di Loyola.

Da primeira, não gostei. Os artistas que me desculpem, mas é oficial que o Barroco não é minha escola de arte preferida. Para mim, menos é mais. E o Barroco me causa uma náusea, de tanta informação. Acho pesado, bruto e me dá uma sensação de claustrofobia. Mas não tem como negar que a igreja tem uma visão artística impressionante, especialmente para a época. Tanto, que para conseguir analisar todo o teto, há um espelho ao centro da igreja. A pintura e a arquitetura se confundem e, para observar os detalhes, é preciso horas e mais horas.







Da segunda, gostei muito. Embora ainda tivesse  características barrocas, era mais iluminada e valorizava muito a perspectiva, o que me agrada bastante. O ponto mais curioso era a cúpula, que parece mover-se dependendo de onde você a enxerga: é impressionante esse efeito!






O mais bacana da 'passeggiata' é justamente caminhar pelas ruas de Roma, que são um charme. O sol entre os prédios revela uma cidade que parece cenário de filme. Os prédios no estilo Rococó são um espetáculo à parte!

Cheguei exausta. E buscando um pouco de paz. Por mais gostoso que seja ter brasileiro por próximo, eu vim para cá justamente para ficar um pouco comigo mesma e, infelizmente, não tenho conseguido.

Não tive a oportunidade de sentar comigo mesma e processar tudo o que está acontecendo na minha vida, sabe? Preciso começar a aprender a impor limites... os meus limites.

Mas uma coisa de cada vez, né? Vou dormir cedo porque a noite passada foi quase em claro, ainda por conta da confusão do horário no meu organismo. Mas tudo se acerta aos poucos!






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P.S.: Prometo explorar mais o lado afetivo nos posts, que parecem relatos brutos! rs

2 comentários:

  1. (Escrevi um comentário enorme e acho que perdi :S Depois volto para escrever de novo!)

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    1. ahhh que pena, Aline! Agora fiquei curiosa! Volte sim! Aliás, volte sempre! rsrs! :)

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