domingo, 5 de outubro de 2014

Giorno 6 - 'Dobbiamo arrendarse a la vita'

Encarei a sexta-feira com coragem, porque ainda não tinha conseguido ter uma boa noite de sono. Mas levantei com o toque do despertador e terminei de arrumar as malas para a primeira viagem da temporada.

Arrumei tudo, tomei um café da manhã em casa mesmo (queijo quente e chá gelado) e segui para a escola de 'mala e cuia' (não sei escrever isso, hehe). Como a escola é muito perto da estação de trem, é permitido deixar a bagagem na própria secretaria durante a aula, bem tranquilo.

Durante a aula, descobri que hoje era o último dia do meu professor, que só lecionou durante o verão e, se entendi corretamente, embora o calor ainda seja intenso, hoje se encerram as aulas do curso de verão, dando início às turmas de outono.

Fiquei bem chateada com a saída do Federico, porque eu tinha realmente gostado da aula e do método de ensino dele. Hoje, pela primeira vez durante o intervalo, consegui uma melhor interação com meus colegas de turma. Aliás, descobri apenas hoje que o francês se chama Darcey (não sei escrever ainda) e, adivinhem só: ele não é francês, mas sim da parte francesa do Canadá. rs! Também é seu último dia na escola, assim como o Lars, que começa numa universidade aqui em Roma na segunda-feira.

O pessoal curte subir na sacada lááá em cima da escola, onde bate um solzinho bem gostoso! O ambiente, acompanhado de um bom café, proporciona uma melhor integração. Demos algumas risadas e Jesper (de Estocolmo), comentou sobre os jogos de futebol por aqui. Fiquei com vontade de pedir para ir no próximo, mas tive vergonha. Não falei nada.

Voltamos para a classe e fizemos mais algumas atividades de conversação e, ao fim da aula, o nosso querido professor nos agradeceu e falou do quanto essa experiência de dar aulas durante o verão foi importante para a vida dele, já que precisou se afastar de outras coisas para priorizar isso.

"Dobbiamo arrendarse a la vita", disse ele. Essa simples frase já se tornou a minha preferida por aqui. Gentilmente, ele nos explicou que, às vezes, devemos simplesmente deixar a vida cuidar de nós, como uma amiga querida que nos fala "deixa que eu te levo por onde deve ir...".

Achei isso muito bonito e de tamanha sensibilidade, que me identifiquei muito.

Ao término da aula, Jesper sugeriu que fôssemos comer uma pizza à noite e eu lamentei muito o fato de não estar presente. Mas combinamos de ir na próxima semana de novo. Ao sair da sala, criei coragem e perguntei ao Darcy se podia acompanhá-los no próximo jogo de futebol. Ele pareceu surpreso, e como não estaria mais por aqui, logo chamou o Jesper, que já me adicionou no Facebook para facilitar a comunicação e combinamos este programa. Só não sei para qual jogo, porque os ingressos estão esgotados... Mas o que importa é que fiquei orgulhosa de ter perdido a vergonha e bem feliz de estar começando a fazer amigos.

Almoçamos na escola mesmo, eu, Maria e Ita e já seguimos para a estação Termini.

Para quem nunca viajou de trem pela Itália, vale prestar atenção no número do trem. É com essa informação que se torna possível descobrir de qual plataforma o trem vai partir, pois nem sempre o destino que aparece é o destino que você vai chegar, mas sim o destino final do trem, que fará paradas em diversos lugares. Por exemplo, o destino final do nosso trem era Genova. Então, se procurássemos no painel por La Spezia, certamente não encontraríamos o nosso trem.



Deixei as meninas sentarem juntas e me sentei no banco com as mesinhas, porque tive a ilusão que conseguiria escrever um monte durante a viagem. Não foi o caso. O trem era bem rápido e eu não consegui ler e escrever neste movimento, infelizmente. Comecei a ficar tonta e enjoada e fiz algo melhor do que sofrer: dormi! Apaguei por uma hora e foi muito bom!

Mas quando acordei, percebi que cometi um erro crucial: esqueci os fones de ouvido que, como podem imaginar, me fizeram MUITA falta!

[Nota mental: sempre carregar fones para onde quer que eu vá.]

O moço que estava sentado ao meu lado estava claramente incomodado com o papo de Maria e Ita atrás de nós. Foi engraçado porque ele não sabia que eu era amiga delas. Quando ele descobriu, ficou mais puto ainda hahaha!

Ahhh italianos, como não amá-los?

Três horas depois, descemos na estação de La Spezia, que foi o nosso quartel general para o fim de semana. Realmente, viajar com pessoas que acabei e conhecer e dividir quarto com elas foi uma aventura e tanto. Mas encarei na boa, porque elas são pessoas do bem. Nosso hotel ficava ridículos 50m da estação, o que nos demorou nada para chegar a pé.

Fizemos check in e logo percebi que, embora fosse uma pouco velho, o hotel foi uma boa escolha: café da manhã incluso, wi-fi e aluguel de bike de graça (não que eu use, mas...): ótimo!

Depois de nos acomodarmos, fomos passear. E que bela surpresa essa pequena cidade. Como aqui ainda é considerada alta temporada, o pessoal curte mesmo o fim do verão, embora já seja início de outono. E uma coisa bacana é que há muitos turistas, mas de dentro da própria Itália.


Entrar em mil lojas não é muito minha praia, mas acompanhei as meninas na boa. O que eu mais gostei foi da feira livre, que ocupa ruas e mais ruas da cidade e vende absolutamente tudo: roupas, acessórios, livros e utensílios para casa. Aliás, foi lá que encontrei um acessório para cozinha que meu pai me encomendou, que é para apurar o tomate ou qualquer coisa do gênero, e que jamais pensei que fosse encontrar. Fiquei bem feliz!!


Comemos uma pizza que era desnecessariamente grande. Mas eu ainda não tinha comido nenhuma pizza por aqui e achei essa muito boa e, pelo que as meninas disseram, era bem melhor que a de Roma. Como a vida é engraçada, a pizzaria se chamava 'D'Angelo', como a minha pizzaria preferida de São Paulo, que fica no bairro da Mooca, onde meu pai nasceu e cresceu e, para mim, tem a melhor pizza de mussarela do mundo!



O único problema é que... bom, lembra do utensílio de cozinha que tinha acabado de comprar? Pois bem. Esqueci a sacola no restaurante e acabei perdendo. Até tentei ligar depois, mas já não tinha ninguém. Voltei lá, e nada. Uma pena. Vou ter que achar de novo! :(

Voltamos pro hotel, tomamos banho e nos preparamos para dormir. A Maria e a Ita tiveram uma crise de riso já na cama e me dei conta que não gargalhei desde que cheguei aqui. Preciso sorrir mais para vida.

À meia-noite, rezei a oração de São Francisco (em italiano, é claro), que compartilho com vocês logo abaixo. Minha oração preferida, que comemora o NOSSO dia! :)


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